segunda-feira, 25 de julho de 2011

Interiormente

Quilometros da capital,
Paisagem natural;
Velhinho na calçada
Sem dente,
E sempre sorridente;
Cachorros namoram na rua;
A feira começa na perua,
Termina na despedida do sol;
No bar da Lela,
O que não falta é Skol
E músicos da terra,
Que desenterram,
Canções dos bailes
Que  enchem as cidades,
De alegrias e vaidades,
De todo tipo de gente,
De gente que gosta do ar puro,
Onde o tempo passa devagar,
Sem aperriar.
Onde tudo se coloca no lugar,
Sem nem se movimentar;
Cada um em si,
Cada um no seu interior.


Lorena Firmino

sábado, 16 de julho de 2011

O outro lado.

O menino abriu a janela e sua vista logo se ofuscou; a luz de fora era forte, mas tudo voltou ao normal. Ele viu coisas que o fizeram desejar estar lá. Viu um cara que tomou sorvete e ficou com a língua azul, a garota que ouviu uma música e balançou a cabeça sem parar, viu luzes coloridas por toda parte..Tudo o atraía para estar lá, do lado de fora, onde tudo acontecia, as coisas mais gostosas e alucinantes faziam parte daquele lado.
                O menino não resistiu. Pulou a janela, foi pro outro lado. Viveu intensamente lá e se divertiu como nunca tinha se divertido. Balançou a cabeça com as músicas, bebeu águas coloridas e chupou chicletes que viravam balões. Conheceu várias outras pessoas: a garota que dançava sem parar, o cara que tinha cabelos enormes, a menina que gostava de beijar. Todos esses passaram por sua vida. Foram seus melhores amigos, porém ele nunca mais os viu novamente. As pessoas se perdiam lá, desapareciam.
O menino ainda tinha sede daquele lugar, queria sempre mais. Queria sempre uma alegria nova. Na busca da felicidade, ele ficava cada vez mais só, só em si também. Entretanto, de repente o menino começou a cansar de tudo. O que antes divertia, agora, não faz mais sentido, passou. Não sentia mais aquela euforia, aquela adrenalina, simplesmente, acostumou. Ele não tinha mais ninguém ao seu lado.
O menino não queria mais a mesmice. Decidiu então, voltar pro lado de dentro, onde ele era protegido, tinha conforto e não se sentia só. Mas a janela pelo lado de fora era muito alta, contudo, ainda assim, o menino queria voltar. Não agüentava mais o marasmo em que estava e insistiu em voltar. Todos os dias, o menino colocava um tijolo para servir de apoio, para tentar alcançar a janela. Quando finalmente, depois de perceber que ele não era tão feliz quanto achou que fosse, o menino conseguiu alcançar a janela, e voltou. Lá, dentro, estava tudo da mesma maneira de quando ele havia saído. Apenas um quarto sem telhado, um rádio que tocava músicas que o deixavam leve, e que o levavam a qualquer lugar, como o ar. E um grande e fofo tapete branco onde o menino conversava com as Estrelas todos os dias. A partir daí, o vazio que tinha foi logo preenchido. Ele voltou pra sua casa, pra sua paz.
O menino que cansou do mundo viu que seu lugar era lá. Do lado de dentro, do seu lado de dentro. Tudo o que ele precisava era se colocar em si. Dentro, não tinham influencias, não tinha folia nem agitação. Era só ele. Ele olhou através da janela mais uma vez e viu que tudo passa. Não se arrependeu de ter saído, só assim ele teve certeza de onde é seu lugar. Nunca é tarde pra voltar, basta querer. O menino quis. 


Lorena Firmino

domingo, 10 de julho de 2011

Quem disse que o tempo não pára?

Desisti.
Pra que?
Pra que dar valor ao tempo?
Não seria melhor curtir o momento?
Sem ver a hora passar..
Sem saber quando vai acabar..
Posso viver sem o relógio.
Posso viver sem temer.

- Pedro Henrique, hora de ir pra escola!
- Aaah, droga.. Já vou mãe!
Depois eu paro o tempo e volto a sonhar, de novo.
Porque quando eu Sonho o tempo pára.


Lorena Firmino

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Memória fraca, Coração puro.


Fugiu da memória,
Mas ficou pra história.
Não lembro o que foi que ficou,
Só sei que quando passou
Abalou.

Não sei se tive boas emoções,
Mas sei que avassalou vários corações.
A notícia que ouvi,
É a mesma que ainda está aqui.

A de que vivi, só que agora
em mim, em Nós.
E  vi que tudo é pra sempre.

Levo então, em frente,
Mesmo sem estar na mente
Ou no meu inconsciente,
Este Sonho onipotente.




Lorena Firmino